Quando engravidei do Igor, tinha 21 anos, fazia faculdade e havia acabado de conseguir um estágio na área, em uma grande editora. Nem preciso dizer que a notícia não me agradou nem um pouco.
Felizmente, minha família é super aberta a discussões e a primeira pergunta que minha mãe fez quando lhe contei foi: "Você vai ter o bebê?".
A possibilidade de não tê-lo, com o apoio da minha mãe, apazigou-me. Apesar de saber da ilegalidade, havia, sim, essa possibilidade. Resolvi ter. Não teria coragem de interromper uma gravidez, mesmo que as condições não fossem as mais favoráveis.
A gestação foi uma fuga completa. Não me sentia grávida. Ora pensava em nomes e ficava feliz, ora chorava e fazia loucuras, como mudar todos móveis de lugar (incluindo guarda-roupa...)
Durante os quase 8 meses (o Igor acabou nascendo prematuro, por causa de uma pré-eclâmpsia -- Freud explica...), ouvi as famosas frases "que barriga linda", "você está super bem, né?", "qual vai ser o nome?", "ser mãe é uma dádiva".
Sinceramente não me sentia carregando uma vida, mas um fardo, que me atrapalhava, me ocupava, me fazia passar mal. E como assumir isso a uma sociedade que engrandece tanto o papel materno? Fiquei escondida dentro de mim e resolvi viver um papel imposto, que não era o meu. Seria mãe, conforme pintam.
Nem preciso dizer que quando o Igor nasceu, o peso da responsabilidade pesou mais do que eu poderia aguentar e fui ficando cada vez mais neurótica. Não tinha paciência com os choros, nem quando ele sujava a roupinha – ele tinha de estar apresentável para todos, sempre. Graças a uma consciência que nem sabia ter, procurei ajuda. Fiz dois anos de terapia.
A terapeuta deixou-me assumir o quase não amor pelo meu filho. A raiva pelo meu marido. O quanto eles "estragaram" a minha e, o melhor: ela me mostrou que tudo isso era escolha minha. Eu havia escolhido passar por isso. Era isso que eu precisava ouvir, que assim como eu havia feito aquela escolha, que parecia tão difícil, eu poderia escolher qualquer outra, muito mais fácil. Foi então o início de um processo para me tornar mãe, de verdade, e amar meu filho. Tornei-me, nesse ínterim, mulher.
Foi bem aos pouquinhos, mas lembro-me de cada passo importante que dava a esta autoaceitação. O dia que olhei pro meu filho e percebi que o amava foi o dia mais feliz da minha vida. Lembro-me até hoje emocionada. Ele já tinha mais de um ano.
A lição que tirei de tudo isso é que há muitas mulheres que não gostam, mesmo, de estar grávidas. Simples assim. E quando aceitam isso para si, as coisas ficam muito mais fáceis. Quando uma mulher próxima diz que está esperando bebê, a primeira reação que tenho é ficar feliz. Mas depois, respeitosamente, pergunto:
- "Mas você está feliz?"
E dou a chance de ela dizer se sim ou se não, de pôr para fora esses sentimentos não tão bem aceitos pela sociedade, se for o caso.
E se você não se sente bem com a gravidez, sente-se feia, inchada, sem forma, não sabe lidar com crianças, têm medos, não se sinta mal. Sinta-se mulher. Sinta você dando um recado para você mesma. E aceite-se. Esse será o primeiro grande passo para ser uma mãe ótima para o seu filho, tendo as suas características próprias e respeitadas.
Nessa minha segunda gravidez, como as coisas estão diferentes! Estou aprendendo ainda mais sobre mim.
A gravidez nos transforma! Não em mães, mas em mulheres, e essa é a melhor parte!
Eu sou Penelope Brito, mãe de Igor, com 6 anos e quase 9 meses e aguardo Caio há 34 semanas (está chegando!). Sou casada com Jorge, sou revisora e editora de livros, contadora de histórias e paulistana "da gema"... :-)
Apesar de o Igor já ter 6 anos, considero-me materna há uns 3 anos, mais ou menos. E não tenho vergonha de assumir isso publicamente, não. Afinal, a evolução feminina deve ser um orgulho! E é sobre isso que escrevi aqui.
Felizmente, minha família é super aberta a discussões e a primeira pergunta que minha mãe fez quando lhe contei foi: "Você vai ter o bebê?".
A possibilidade de não tê-lo, com o apoio da minha mãe, apazigou-me. Apesar de saber da ilegalidade, havia, sim, essa possibilidade. Resolvi ter. Não teria coragem de interromper uma gravidez, mesmo que as condições não fossem as mais favoráveis.
A gestação foi uma fuga completa. Não me sentia grávida. Ora pensava em nomes e ficava feliz, ora chorava e fazia loucuras, como mudar todos móveis de lugar (incluindo guarda-roupa...)
Durante os quase 8 meses (o Igor acabou nascendo prematuro, por causa de uma pré-eclâmpsia -- Freud explica...), ouvi as famosas frases "que barriga linda", "você está super bem, né?", "qual vai ser o nome?", "ser mãe é uma dádiva".
Sinceramente não me sentia carregando uma vida, mas um fardo, que me atrapalhava, me ocupava, me fazia passar mal. E como assumir isso a uma sociedade que engrandece tanto o papel materno? Fiquei escondida dentro de mim e resolvi viver um papel imposto, que não era o meu. Seria mãe, conforme pintam.
Nem preciso dizer que quando o Igor nasceu, o peso da responsabilidade pesou mais do que eu poderia aguentar e fui ficando cada vez mais neurótica. Não tinha paciência com os choros, nem quando ele sujava a roupinha – ele tinha de estar apresentável para todos, sempre. Graças a uma consciência que nem sabia ter, procurei ajuda. Fiz dois anos de terapia.
A terapeuta deixou-me assumir o quase não amor pelo meu filho. A raiva pelo meu marido. O quanto eles "estragaram" a minha e, o melhor: ela me mostrou que tudo isso era escolha minha. Eu havia escolhido passar por isso. Era isso que eu precisava ouvir, que assim como eu havia feito aquela escolha, que parecia tão difícil, eu poderia escolher qualquer outra, muito mais fácil. Foi então o início de um processo para me tornar mãe, de verdade, e amar meu filho. Tornei-me, nesse ínterim, mulher.
Foi bem aos pouquinhos, mas lembro-me de cada passo importante que dava a esta autoaceitação. O dia que olhei pro meu filho e percebi que o amava foi o dia mais feliz da minha vida. Lembro-me até hoje emocionada. Ele já tinha mais de um ano.
A lição que tirei de tudo isso é que há muitas mulheres que não gostam, mesmo, de estar grávidas. Simples assim. E quando aceitam isso para si, as coisas ficam muito mais fáceis. Quando uma mulher próxima diz que está esperando bebê, a primeira reação que tenho é ficar feliz. Mas depois, respeitosamente, pergunto:
- "Mas você está feliz?"
E dou a chance de ela dizer se sim ou se não, de pôr para fora esses sentimentos não tão bem aceitos pela sociedade, se for o caso.
E se você não se sente bem com a gravidez, sente-se feia, inchada, sem forma, não sabe lidar com crianças, têm medos, não se sinta mal. Sinta-se mulher. Sinta você dando um recado para você mesma. E aceite-se. Esse será o primeiro grande passo para ser uma mãe ótima para o seu filho, tendo as suas características próprias e respeitadas.
Nessa minha segunda gravidez, como as coisas estão diferentes! Estou aprendendo ainda mais sobre mim.
A gravidez nos transforma! Não em mães, mas em mulheres, e essa é a melhor parte!
Eu sou Penelope Brito, mãe de Igor, com 6 anos e quase 9 meses e aguardo Caio há 34 semanas (está chegando!). Sou casada com Jorge, sou revisora e editora de livros, contadora de histórias e paulistana "da gema"... :-)
Apesar de o Igor já ter 6 anos, considero-me materna há uns 3 anos, mais ou menos. E não tenho vergonha de assumir isso publicamente, não. Afinal, a evolução feminina deve ser um orgulho! E é sobre isso que escrevi aqui.
O bom é que você tem a nova chance de aproveitar, e curtir, e entender todas as etapas, da geração ao nascimento, e da alegria de amar seu filho, desde o início atéééééé...
ResponderExcluirLindo texto!!!Eh uma realidade q muitas mulheres passa,e infelizmente muitas tomam a outra decisao...Parabéns!!!!
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