Voltando ao tema "Dor no Parto", hoje quero destacar um trecho do livro "Quando o Corpo Consente", que é um diário escrito por Marie Bertherat, com comentários de sua mãe Thérèse Bertherat e de uma parteira, Paule Brung.
Neste livro a três vozes, elas falam do jogo das forças que se animam no corpo da mulher grávida. Thérèse Bertherat propõe também movimentos muito precisos para preparar seu corpo para o nascimento.
Neste diário, Marie conta o que experimentou em seu corpo e percebeu na própria carne. Durante nove meses.
Para lhe transmitir isso, ela prosseguiu sua pesquisa com inteligência e rigor. Sempre de forma generosa e com a doçura obstinada que é o seu jeito de ser... Mas que não haja equívoco: esses nove meses que a tornaram mãe não devem ser vistos como convite à caminhada fácil...
A mãe, Thérèse Bertherat, redescobre a filha que julgava conhecer tão bem -, e essa revelação a surpreende, enchendo-a de alegria e respeito. Uma filha, de repente, pede à mãe algo além de afeto e carinho. Solicita sua experiência como terapeuta.
Thérèse Bertherat a tranqüiliza e lhe explica o jogo de forças que nela se manifestam. Propõe-lhe catorze movimentos muito precisos para preparar o corpo para a hora do nascimento. Baseados em dados anatômicos e fisiológicos corretos, eles despertam na futura mãe o gosto pelas sensações sutis, o desejo de habitar todos os recantos do próprio corpo com ternura, com respeito por ela e pelo bebê. Se você está grávida e, por isso, preocupada, desejosa de uma palavra de apoio ou de uma explicação prática, ouça o que estas mulheres têm a lhe dizer.
Como Paule Brung, uma parteira especial com quarenta anos de profissão e a confiança que só se adquire com experiências que tiveram um desfecho feliz, todas as três encontram, a seu modo, os gestos e as palavras certas.
Vou transcrever um trecho relatado por Marie, que achei bem interessante para animar as mulheres que vão passar pela experiência de parir em breve (págs. 112/113):
"Não, não estou com medo, Não é para bancar a corajosa que digo não sentir medo de algo que está em mim, Seja qual for a forma, por enquanto toda misteriosa, vai ter a minha dor, ela será minha e já é minha. A dor do parto não será uma dor imposta. Não tem nada a ver com a dor do corpo machucado ou ferido. Esta sim, enfraquece, avilta,
destrói. Esta merece ser anestesiada. Não a do nascimento. Não quero. Ouvi muitas mulheres falarem das dores do parto com um sofrimento imposto. Para elas, a sensação dolorosa das contrações é intolerável, é uma maldição herdada de mãe para filha, uma passagem compulsória e inaceitável na era em que a farmacopéia permite sua isenção. Calar essa dor parece-lhes vital. Eu as entendo. Entendo sobretudo porque elas estão se preparando para dar à luz em lugares frios e impessoais, nos quais todo mundo só fala de dor a suportar ou de anestésicos milagrosos que podem dar alívio.
Mas não será um engodo ? por trás da fala anti-dor das mulheres não haverá outra coisa ? O medo do desconhecido, o medo da emoção, o medo de ser mãe, o medo de ser responsável por um outro ser. Será que a anestesia consegue aliviar esses medos?(...)
Deixar a própria dor manifestar-se pode ser indispensável, porque isso ajuda a mãe a se conhecer melhor, inclusive a conhecer seu próprio nascimento. Nascer outra vez ao dar a vida."
Em seguida a parteira discorre "A Respeito da Dor" :
"As parteiras costumam dizer que a anestesia peridural as relega a um papel técnico. É o médico quem decide tudo. Outras, porém, gostam da anestesia porque a função delas fica mais fácil, já que as parturientes não dão trabalho. Isso revela um novo estado de espírito. Acaba-se esquecendo que quem dá a luz é a mãe, e não o médico ou a parteira!
A anestesia cria uma separação entre a mulher e seu corpo no momento em que ela mais tem necessidade de saber, e sobretudo sentir, o que está acontecendo. A mãe fica imobilizada, pregada numa cama durante todo o trabalho, sem a possibilidade de fiar-se em suas sensações - que praticamente deixam de existir. Ela só obedece às ordens do médico e sujeita-se a suas intervenções. A parte superior do corpo assiste, impotente e submissa, à intervenção médica efetuada na parte inferior. Incapaz de participar, a mulher dica condenada a suportar; quanto ao bebê, tem de enfrentar sozinho as contrações. A mãe é forçada a abandoná-lo em plena tormenta, não
seguem junto o mesmo percurso."
Neste livro a três vozes, elas falam do jogo das forças que se animam no corpo da mulher grávida. Thérèse Bertherat propõe também movimentos muito precisos para preparar seu corpo para o nascimento.
Neste diário, Marie conta o que experimentou em seu corpo e percebeu na própria carne. Durante nove meses.
Para lhe transmitir isso, ela prosseguiu sua pesquisa com inteligência e rigor. Sempre de forma generosa e com a doçura obstinada que é o seu jeito de ser... Mas que não haja equívoco: esses nove meses que a tornaram mãe não devem ser vistos como convite à caminhada fácil...
A mãe, Thérèse Bertherat, redescobre a filha que julgava conhecer tão bem -, e essa revelação a surpreende, enchendo-a de alegria e respeito. Uma filha, de repente, pede à mãe algo além de afeto e carinho. Solicita sua experiência como terapeuta.
Thérèse Bertherat a tranqüiliza e lhe explica o jogo de forças que nela se manifestam. Propõe-lhe catorze movimentos muito precisos para preparar o corpo para a hora do nascimento. Baseados em dados anatômicos e fisiológicos corretos, eles despertam na futura mãe o gosto pelas sensações sutis, o desejo de habitar todos os recantos do próprio corpo com ternura, com respeito por ela e pelo bebê. Se você está grávida e, por isso, preocupada, desejosa de uma palavra de apoio ou de uma explicação prática, ouça o que estas mulheres têm a lhe dizer.
Como Paule Brung, uma parteira especial com quarenta anos de profissão e a confiança que só se adquire com experiências que tiveram um desfecho feliz, todas as três encontram, a seu modo, os gestos e as palavras certas.
Vou transcrever um trecho relatado por Marie, que achei bem interessante para animar as mulheres que vão passar pela experiência de parir em breve (págs. 112/113):
"Não, não estou com medo, Não é para bancar a corajosa que digo não sentir medo de algo que está em mim, Seja qual for a forma, por enquanto toda misteriosa, vai ter a minha dor, ela será minha e já é minha. A dor do parto não será uma dor imposta. Não tem nada a ver com a dor do corpo machucado ou ferido. Esta sim, enfraquece, avilta,
destrói. Esta merece ser anestesiada. Não a do nascimento. Não quero. Ouvi muitas mulheres falarem das dores do parto com um sofrimento imposto. Para elas, a sensação dolorosa das contrações é intolerável, é uma maldição herdada de mãe para filha, uma passagem compulsória e inaceitável na era em que a farmacopéia permite sua isenção. Calar essa dor parece-lhes vital. Eu as entendo. Entendo sobretudo porque elas estão se preparando para dar à luz em lugares frios e impessoais, nos quais todo mundo só fala de dor a suportar ou de anestésicos milagrosos que podem dar alívio.
Mas não será um engodo ? por trás da fala anti-dor das mulheres não haverá outra coisa ? O medo do desconhecido, o medo da emoção, o medo de ser mãe, o medo de ser responsável por um outro ser. Será que a anestesia consegue aliviar esses medos?(...)
Deixar a própria dor manifestar-se pode ser indispensável, porque isso ajuda a mãe a se conhecer melhor, inclusive a conhecer seu próprio nascimento. Nascer outra vez ao dar a vida."
Em seguida a parteira discorre "A Respeito da Dor" :
"As parteiras costumam dizer que a anestesia peridural as relega a um papel técnico. É o médico quem decide tudo. Outras, porém, gostam da anestesia porque a função delas fica mais fácil, já que as parturientes não dão trabalho. Isso revela um novo estado de espírito. Acaba-se esquecendo que quem dá a luz é a mãe, e não o médico ou a parteira!
A anestesia cria uma separação entre a mulher e seu corpo no momento em que ela mais tem necessidade de saber, e sobretudo sentir, o que está acontecendo. A mãe fica imobilizada, pregada numa cama durante todo o trabalho, sem a possibilidade de fiar-se em suas sensações - que praticamente deixam de existir. Ela só obedece às ordens do médico e sujeita-se a suas intervenções. A parte superior do corpo assiste, impotente e submissa, à intervenção médica efetuada na parte inferior. Incapaz de participar, a mulher dica condenada a suportar; quanto ao bebê, tem de enfrentar sozinho as contrações. A mãe é forçada a abandoná-lo em plena tormenta, não
seguem junto o mesmo percurso."
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