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Um ínicio de amamentação difícil

Caetano chegou junto com a primavera de 2007, 5h15 do dia 22 de setembro. O parto fora exaustivo e o sonho da amamentação nos primeiros momentos não se concretizou. Eu e meu gigantinho estávamos exaustos, com poucas forças e precisamos nos recompor para iniciar nossa relação de amor através do leite.

Mas não tardou tanto assim. Por volta de uma hora depois nos reencontramos, Caetano instintivamente abocanhou meu seio e ficamos ali, maravilhados com aquele contato. Tanto que nem notei que em certo momento ele largou o bico e passou a mamar na auréola esquerda, deslize imediatamente corrigido pelas parteiras da Casa de Parto que acompanhavam este momento com o intuito de auxiliar e incentivar o ato de amamentar.

Durante aquele sábado, amamentar foi uma delícia. Domingo percebi que ele era mais guloso que os outros bebês que nasciam naqueles momentos na Casa. Pedia muito o peito, tinha uma necessidade imensa de sugar e dormia muito pouco.

Por conta do peso de nascimento de Caetano, 4270k, ficamos por 3 dias na Casa de Parto quando o normal seria 24h. E foi na última noite que passamos lá, de segunda para terça-feira que a amamentação começou a ficar difícil.

Após o nascimento de uma menina, por volta da 1h da manhã, Caetano se agitou. Amamentava, mas não o acalmava. Uma das enfermeiras foi um pouco grossa ao entrar nervosa e dizer – mesmo depois de eu ter passado 2hs amamentando – que não ia falar mais uma vez o que eu tinha que fazer. Assustada, deitei com Caetano e amamentei em posições horríveis por 4 horas sem parar.

Ao amanhecer percebi que um dos meus bicos, o esquerdo, estava praticamente pendurado e o direito ‘apenas’ fissurado. Amamentar perdeu um pouco o brilho e ganhou muita dor e dificuldade.

Na tarde do mesmo dia já estava em casa (ufa!) e achei melhor tentar o famoso bico de silicone. Fomos eu e minha mãe numa farmácia e compramos. Não funcionou. A dor continuava com a presença do bico e Caetano ficava muito nervoso com aquele corpo estranho entre nós. Sem contar que os restos dos ferimentos grudavam no silicone e mesmo fervendo eu encontrava vestígios de sujeira, simplesmente nojento. Tentei por 2 dias e desisti.

Na quinta-feira decidi ordenhar e oferecer meu leite na colherinha para Caetano que aceitou. Assim, o bico descansou e eu combinei este descanso com a aplicação da casca de banana por 15 minutos e luz direta. No domingo o prazer da amamentação já estava conosco novamente.

Neste meio tempo o maluco do pediatra que se dizia a favor da amamentação preparou uma receita ridícula de NAN, alegando que Caetano deveria estar ganhando 30 grs por dia e que isto não estava acontecendo pois, apesar de eu ter um boa oferta de leite ele não conseguia ingerir o necessário. Dei um ponto final na nossa história com este médico louco, marquei com um homeopata e, no tempo em que esperava a consulta com este novo médico contei com o apoio das meninas da Matrice e tudo correu bem. Caetano nunca conheceu o tal NAN.

O prazer em amamentar aumentava gradualmente. Lembro que no ínicio amamentava de frente para um relógio, contando quanto tempo durava cada mamada. Não que em determinado momento eu tirasse Caetano do peito por decidir que já estava bom, aliás nem sei dizer porque, mas achava essencial olhar o relógio enquanto amamentava.

No segundo mês tive uma mastite (a primeira). Tive tanto medo de ter que parar de amamentar. Escrevi na lista da Materna e a Flávia Gontijo disse que eu poderia ligar para ela. Era madrugada, liguei e foi fundamental. Passei o resto da noite/madrugada aliviada, oferecendo muito o peito afetado para o Caetano. Acordei bem melhor e segui as outras dicas da Flá (água quente, dança africana, ordenha) e da Analy, que também me escreveu indicando os possíveis motivos da mastite. Foi após este episódio que aposentei o relógio e comecei a olhar mais para o Caetano durante as mamadas. Tentava olhar para cada poro do meu bebê, amamentava e contemplava!

Voltei ao trabalho quando Caetano tinha praticamente 6 meses com uma hora para amamentá-lo. Detalhe: sou educadora e Caetano está frequentando o berçário da Creche em que trabalho. Daí que não sofremos nenhum grande trauma neste período. Cheguei a estocar leite, mas não foi necessário pois amamentei no meio do expediente até que ele completou nove meses.

Tive uma outra mastite – esta bem mais traumática – durante o mês de junho de 2008. Dor, calafrios, febre local. Não parei de amamentar ainda assim e foi amamentando que a inflamação drenou. Alívio. Mais uma vez a parceria Elly&Caetano mostrava sua força.
Comecei a introdução de alimentos aos seis meses, mas ele só se entendeu com os alimentos aos 10 meses. Agora come sozinhpo. . Tem 1 ano e 7 meses e mama durante a noite e e antes de acordar. Depois mama novamente no nosso reencontro diário no percurso até a creche. Daí, quando saímos de lá mais uma mamada e, em casa várias outras. Ou seja, mama muito!

Não serei hipócrita de dizer que amamentar é só flores, mas preciso dizer que é bom demais!

Elly Chagas é mãe do Caetano de 1 ano e 8 meses, companheira do Irineu. Educadora, apaixonada por educação infantil, comunicação e maternidade!
É blogueira e escreve aqui também: http://ellyguevara.wordpress.com

Comentários

  1. Elly, que legal!
    Amamentar não é só flores, nem é fácil, mas é o melhor, sem dúvidas. Além de mais prático, gostoso....

    Beijo

    ResponderExcluir

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